Núcleo interdisciplinar de pesquisas teatrais da Unicamp

“...o corpo de um ator entregue totalmente ao ofício...
é viajar com ele para um outro nível de compreensão

(Carlota Cafiero, CORREIO POPULAR, Campinas, 2002)

Release Cnossos

Um mergulho dentro da mitologia pessoal de um homem que percorre os corredores de um labirinto na tentativa de encontrar saída, criando um poema perturbador sobre a solidão, os sonhos e os pesadelos que povoam os seres humanos.

Inspirado em textos de Jorge Luis Borges, Lautréamont, Franz Kafka e Mário Quintana, um único ator em cena dança num fluxo constante, esbarrando em imagens, lugares, pessoas esquecidas e pálidas sensações que emergem das profundezas da memória.

Criado em 1995, o espetáculo estreou no Festival Internacional de Butoh e Teatro-Pesquisa em São Paulo e Brasília, e já se apresentou em diversas cidades do Brasil e ainda no Edinburgh Fringe Festival (Escócia), na Inglaterra, França, Finlândia, Nicarágua, Israel e Portugal.

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Artigo Tiago Gonçalves

Criado em 1995, Cnossos, o espetáculo mais antigo do grupo em cartaz, conta com a atuação do ator-pesquisador Ricardo Puccetti, sob a direção de Luís Otávio Burnier, idealizador do Lume Teatro (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais – UNICAMP). Por sinal, trata-se da última direção do artista, que faleceu no mesmo ano. Com estreia abrigada durante a Mostra 95, Butoh e Teatro Pesquisa, realizada em São Paulo, o espetáculo já se apresentou em diversas cidades do Brasil, além de países como Escócia (Edinburgh Fringe Festival), Inglaterra, França, Finlândia, Nicarágua, Israel e Portugal.
De acordo com Ricardo Puccetti, Cnossos representa, de forma prática, histórica e artística, a estética teatral do Lume Teatro em sua primeira década de fundação. Ou seja, “extremamente física, dura e bruta. Bruta, no sentido de uma pedra bruta, uma pedra preciosa sendo lapidada, sempre calcada no trabalho íntimo e pessoal de cada ator, no que ele traz à tona a partir do seu corpo e da sua voz. É o que chamamos de Dança Pessoal do Ator, em que cada intérprete constrói a sua técnica a partir da memória corporal”, destaca.
Apesar das referências literárias de Jorge Luis Borges, Lautréamont, Franz Kafka e Mário Quintana presentes na montagem, Cnossos é totalmente físico e sem texto. Contudo, como destaca o ator, com um pé na poesia. “O espetáculo foi construído como um poema, que exalta imagens, cheiros, figuras e possibilidades. Refere-se a uma partitura muito rica de atmosferas e de climas diferentes. Por isso, nesse caso, as referências são mais sensoriais do que textuais”.
Nesse sentido, a expressividade se coloca em plena disposição do tema central da montagem: a solidão humana. E como representá-la? A partir dela, como destaca o ator, surgiu uma lembrança forte de Cnossos, o famoso labirinto da mitologia grega, situado na Ilha de Creta, que servia de morada para o Minotauro. “Passamos, então, a trabalhar a solidão dentro da perspectiva do labirinto. Não do externo, mas do interno de cada ser humano. Afinal, todos nós temos labirintos que nos prendem, nos perturbam e nos ameaçam, mas que também nos instigam a buscar saídas para ultrapassarmos barreiras e muros do viver”, pontua Ricardo.
A respeito da experiência da plateia, Ricardo comenta que Cnossos rompe alguns padrões teatrais, principalmente com relação ao tempo da narrativa. “Ele já começa no auge, vai para cima do auge e volta para baixo. O gráfico dele é muito louco. Da mesma forma, propõe uma relação que não é nada racional, mas muito física, muito sensorial. Por isso, ou você sofre para entrar no clima da peça ou entra tranquilamente. Depende de cada espectador”.


FICHA TÉCNICA
Criação:
Ricardo Puccetti e Luís Otávio Burnier
Atuação: Ricardo Puccetti
Direção: Luís Otávio Burnier
Iluminação: Ricardo Puccetti e Eduardo Albergaria
Coordenação técnica: Francisco Barganian
Apoio administrativo: Giselle Bastos
Registro audiovisual: Alessandro Soave
Design gráfico e fotografia: Arthur Amaral
Realização: Lume Teatro

Duração: 55 min.
Faixa etária: 12 anos

Anexos