Núcleo interdisciplinar de pesquisas teatrais da Unicamp
Sala Verde - Sede do LUME. Foto: Acervo

Um livro parece ser antigo assim que se acaba de escrevê-lo. Um texto também, assim como qualquer artigo. A escrita parece mais que um processo: ela é um acontecimento que se encerra no último ponto final. E assim estamos prontos para outro acontecimento. Mas um acontecimento devém dele mesmo. Assim a escrita é um “escrevendo”, ou melhor, um pensamento que se repensa, se completa, se acopla ou desacopla. Ainda mais um pensamento com a arte do corpo que é processual e potencial por ele mesmo. O conjunto de práticas pressiona o repensar e vice-versa num turbilhão de criação e recriação, ou o que dá no mesmo, de um pensar ou repensar. Ora, se os conceitos estão abertos a atualizações; se a arte do corpo se repensa a cada micropercepção; se o conjunto de práticas se refaz a cada experiência, os textos que o acompanham – não na função de uma tradução intersemiótica, mas de uma criação de potência-conceito-arte – serão sempre revistos, revisitados, revisados, ampliados, recortados, ou ao menos, deveriam sê-lo. É por isso que cada parágrafo escrito em artigos, cada livro terminado deixa rastros e lacunas e serem preenchidas e repensadas que – sempre – deixarão mais lacunas. A razão do repensar, refazer e verificar lacunas não tem como objetivo uma maior clareza conceitual ou estilística, mas a sempre potencialiação de um pensamento com a prática – pensamento-prática ou prática-pensamento, que se compõe em gerúndio.

E – apesar de ser óbvio e claro, mas nunca é demais lembrar! – esses ensaios não buscam verdades nem totalizações, mas sim pensamentos-criações baseados em uma prática específica, de um grupo e projeto também específicos. E, justamente, por ser tão recortado, pode ser que seja um território de potência para alguns e território de vácuo para outros. São pequenos ensaios com - talvez! - algumas contribuições para a arte de atuar sem qualquer pretensão; são apenas um conjunto de pensamentos-ações jogados na correnteza crescente em potência desse fazer e pensar teatral brasileiro que vincula de forma tão especial teoria e prática / academia e criação.

Mas já não seria uma TeoriaPrática numa AcademiaCriativa?

Mais ainda: um só TPAC...