Núcleo interdisciplinar de pesquisas teatrais da Unicamp
Barbosa no espetáculo Sonho de Ícaro. Foto: acervo do Lume

Sempre brincávamos que o Barbosa era o braço direito E TAMBÉM, o esquerdo do Lume! Ele trabalhava na administração do núcleo desde 1994 mas, como todos do Lume, ele era múltiplo: jardineiro, porteiro, cozinheiro, recepcionista, bilheteiro, eletricista, encanador, psicólogo, amigo, dançador de forró (muito bom!) e o mais importante: fazia tudo isso com a alegria de quem adorava o seu trabalho (que sempre era muito!) e de quem amava estar onde estava. Além disso, ele participava ativamente dos eventos organizados pelo Lume: quem poderia esquecer quando Barbosa foi a encarnação do próprio Barão Geraldo em intervenção pelas ruas do distrito? Participou até como ator no espetáculo Sonho de Ícaro em 2010.

Ele nos dizia, as vezes com os olhos marejados, que por nossa causa, pelo trabalho que ele fazia no Lume, se apaixonou perdidamente pela teatro e pelos teatreiros e teatreiras. Ele percebeu a força da arte, pois viveu intensamente seu cotidiano de alegrias, tristezas e suores. Foi um privilégio ter a oportunidade de conviver durante décadas com essa pessoa que fazia a feijoada mais saborosa do mundo! Um ser humano simples, humilde, amado por todos nós do Lume e por tantos outros que passaram em nossa sede.

Barbosa era essa pessoa grandiosa, potente e com um coração tão imenso que, por esses caprichos de coração que só um coração grande entende, não coube todo no peito e, talvez por birra e pirraça, resolver parar de ressoar no dia 26 de Abril de 2021. Foi assim que esse dançarino de forró inveterado nos deixou de forma abrupta em um silêncio doloroso, bem no meio da pandemia, sem nem termos a chance de uma despedida digna do tamanho do que ele significava para cada um de nós.

Barbosa se encantou e deve estar junto com Luis Otávio Burnier, ambos rindo de nossa saudade e se deliciando de prazeres. Ambos merecem!

Barbosa trabalhando no Lume na década de 90. Foto: acervo do Lume